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terça-feira, 5 de março de 2013

Sobre você

Você me chamou num domingo. Veio assim, como quem não quer nada, falando comigo, perguntando como eu estava. Desconfiei: nem minha mãe, às vezes, me pergunta como estou. Mas dei de ombros. Recusei seu pedido de encontro, com um motivo falso e outro verdadeiro. O falso: teria de estudar para uma prova de física no dia seguinte. O verdadeiro: estava com medo. 


Claro que só lhe disse o falso.

Mas aí, eu pensei: "que se dane". E coloquei a primeira roupa que vi na frente. E soltei os cabelos ao vento. E corri rua abaixo, porque estava atrasada. E cheguei. E vi você. E fingi que não vi. E estava com medo.

Foi você quem teve de sair do seu canto e sorrir pra mim. Você disse: "Helô?" e sorriu pra mim. E isso me fez sorrir, também, porque eu gostei do seu sorriso. Você, alto, meio desajeitado, com roupas esportivas, barbeado e com cheirinho de banho. E tinha sorrido pra mim. Tive vontade de abraçá-lo, e foi o que fiz. Depois do abraço, foi uma sucessão de iogurte de morango, papo, olhares furtivos, mão suadas, tremedeiras disfarçadas, sorrisos, indiretas e um convite para o cinema. Quase recusei pelos mesmo dois motivos, mas, dessa vez, o "que se dane" veio antes do medo.

Aí, compramos balas de morango. Ficamos sentados num banco, alternando entre tentar beijar e evitar o beijo. Bochechas quentes e mãos tremendo. Eu tropecei ao entrar no cinema e você riu comigo. O filme começou e não prestamos atenção nele. Depois do filme, você me abraçou e eu perguntei se você tinha gostado de mim, porque eu tinha gostado de você.

E você me ligou no dia seguinte.
E eu tirei 9,9 na prova de física.

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