Pages

Ads 468x60px

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Sobre acabar a luz


Eu gosto quando acaba a luz.

A gente senta na janela de casa e fica lá, olhando a parte iluminada da cidade. Suspira (!). Se desconecta de twitterfacebookblogemailtumblrflickrgooglewikipediayoutube. Até tem tempo pra conversar e jogar jogo-da-velha com nossos avós. E ouvir "estórias" como se ouvia antigamente, em torno da "fogueira" formada pelas luzes distantes.

Eu gosto quando falta luz. A gente lembra o quanto é pequenininho, dependente, e quanta gente mais há por aí. A TV e o computador ficam olhando pra gente, esquecidos por uns minutos (ou até, se tivermos sorte, horas) preciosos. A gente dorme cedo, porque a casa está aconchegante assim, toda cheia de velas. A gente lembra de olhar pro céu.

A gente lembra que existe um céu.

Eu gosto quando falta luz, mas hoje não faltou.

Sobre mortos-vivos


Hoje de manhã, eu estava no ônibus lotado e atrasado e fiquei pensando o que aconteceria se, naquele momento, eu gritasse: "SOCORRO! UM ZUMBI!"

Provavelmente nada.

Ainda assim, eu imaginei as pessoas fugindo, desesperadas. Imaginei o motorista pedindo calma, alguém ligando para a polícia, uma mulher rezando, uma criança largada chamando a mãe e vários curiosos parados na rua: o pânico se disseminava. Me imaginei descendo pela janela, correndo rua abaixo (aliás, rua, não. Avenida Brigadeiro, que é uma baita ladeira), gritando por socorro e descobrindo que as pessoas para quem eu pedia ajuda já estavam contaminadas com "a praga". 



Uma garota vestida com seu uniforme do McDonald's passa correndo por mim e grita: "por aqui!". Eu vôo atrás dela, rezando para que os mortos-vivos sejam bem lerdos. Paramos para descansar atrás de uma caçamba.
"O que é isso?! Que tá acontecendo?", eu pergunto. Ela me olha como se eu fosse retardada e sussurra: "fala baixo. Eles podem ouvir você"  – ela marca bem o "ouvir". "ah, entendi", eu respondi, bem baixinho. 

Nós saímos do nosso esconderijo, agachadas. "você vai por ali", ela aponta para a esquerda, "não podemos atrair a atenção. Vai rápido, eles estão vindo!"
Sem pensar duas vezes, eu corro para a Alameda Santos. Olho para trás e vejo dezenas de mortos se arrastando na minha direção. Um deles ainda usa o uniforme de cobrador. Quando olho para frente, vejo uma enorme raiz de árvore solta no chão. Percebo que é tarde demais para desviar, tropeço e caio de cara no chão.



Não há mais o que fazer; a multidão de mortos famintos e em decomposição já me rodeia. Eu fecho os olhos e aceito o meu destino...

"você vai descer nesse ponto?"

Abro os olhos, confusa. Meu ponto tinha chegado.



Acho que eu tenho algum problema.


Sobre buracos-negros e internet

Defeitos, todo mundo tem. Mas eu tenho um dos grandes: adoro começar coisas novas. 


Sou ótima em abrir blogs/twitters/tumblrs/flickrs, ficar a tarde toda mexendo neles, postar quatro ou cinco textos/fotos/frases, divulgar um pouquinho e... deletar tudo. Já aconteceu várias vezes: começou com um blog bem pink com dicas adolescentes, depois veio um blog tipo "minha-nada-mole-vida" (também adolescente), depois um flickr cuja senha eu esqueci, um twitter meio abandonado, um tumblr igualmente jogado às traças, um blog de humor que ainda existe*... Pois é, eu deveria parar com isso.

O negócio é que não dá! 



Minha cabeça é um aglomerado de livros de ficção científica, beijos roubados, dúvidas agoniantes, lembranças da quinta série, textos curtos, regras de crase, músicas de filmes infantis, colares de contas e um pouquinho de sexo. Enfim, um buraco-negro em forma de gente. Acho que talvez, por isso, eu viva mudando de cá para lá nessa grande internet.

Bom, essa é minha última chance. Já mandei recado pro cérebro aguentar firme, porque esse é pra valer, pelo menos até o próximo post.

Espero que gostem dos meus rascunhos.

*ficou interessado? Este é meu antigo blog de humor (pode clicar que é um link).